Na tarde de 1º de julho de 2016, discentes do programa de pós-graduação em Estudos de Cultura Contemporânea – ECCO/FCA/UFMT apresentaram seus trabalhos finais da disciplina Tópicos Especiais em América Latina, que versou sobre Brasilidade e Latinidade na Música de Concerto Contemporânea. Imersão cultural e conceitos teóricos basilares foram a tônica do encontro.
Durante o curso e Seminário, exemplos musicais foram ouvidos em audições ao vivo ou recorrendo à rede Internet. Falar de cultura musical e Poéticas Contemporâneas necessita de abertura para manifestações fundamentadas, expressividade estimulada e materialização de ideias e teorias em situações de fato práticas, o que foi buscado pela turma em entendimento com a docente Teresinha Prada.
Assim, foi possível experienciar uma parte do grande instrumental tradicional e multiétinco andino, por exemplo, bem como sua ambiência tradicional em enlace com obras de Música Nova, como de autores Alberto Ginastera e Coriún Aharonián; os ritmos de origem afro, os "tambores que falam" e sua ação em conjunto com o Rito, como na Santería cubana, chegando à música urbana, em especial o Samba carioca, além de gêneros musicais afrocaribenhos; o fator iberoamericano, também de múltiplas origens étnicas foi debatido no curso, enfim a heterogeneidade cultural e híbrida latino-americana, por meio da historicidade e vivência musical, propostas ao grupo.
Segue uma síntese do curso e Seminário e o registro do trabalho dos pesquisadores envolvidos.
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Durante o curso, Glaucos Monteiro trouxe instrumental andino, de sopros e cordas... |
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Esse contato foi importante porque na sequência do curso foi percebida a essência desse instrumental em obras de música de concerto contemporânea. | |
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Possibilidade de imersão cultural nesse verdadeiro universo que é o meio cultural andino. |
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Música ao vivo foi apresentada em contextos de reflexão dessa identidade que permeia a América Latina em uma abordagem etnomusicológica. |
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No Seminário, uma típica mesa de festa, espaço-tempo do Samba, foi encenada para reviver processos socioculturais pelos quais esse gênero musical foi se estabelecendo... |
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...sem prescindir da agonia dos antepassados africanos... |
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... muito bem rememorada por Oneide Freire com sua récita de trecho do Navio Negreiro de Castro Alves: "Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus, Se eu deliro… ou se é verdade. Tanto horror perante os céus?!"... "é infâmia demais!..." |
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O instrumental afro, como atabaque, caxixi e berimbau, foi trazido pelo grupo de Heloísa de Carvalho, Neusa Baptista e Oneide Freire que trataram da temática da ressonância da matriz africana na cultura brasileira, na sua extensão e sobrevivência.
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Mais um momento de imersão... |
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... roda de umbigada, a provável origem do Samba, como apontam os autores estudados pelo grupo... |
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... canto, dança, presença do ser (muntu) e da corporeidade afros (bantu) na dimensão cultural do Samba. |
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Gabriel Faria, em sua fala, trouxe um aporte filosófico para a abordagem da Arte, retomando os conceitos de sensível (Aesthesis) e os afetos, utilizando Pareyson e Nietzsche. Para a música contemporânea de concerto, essa questão confronta as forças ativas (do artista, de sua produção) às reativas e reacionárias. | | | | | |
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Helen Luce Pereira abordou a brasilidade, resistência e identidade cultural latino-americana no repertório de música litúrgica do meio Metodista, apresentando obras de contexto brasileiro tanto em gêneros musicais como em textos identificadores da realidade brasileira.
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Glaucos Monteiro realizou um vídeo em que demonstrou a confluência latino-americana na música, popular e erudita, como postura de engajamento, de resistência ao cotidiano das ditaduras e como meio de dar visibilidade e voz às nossas questões identitárias e de dominação de culturas.
Claudio Aurélio Dias apresentou parte de um trabalho etnomusicológico que realizou em Humaitá (Amazonas), em uma festa popular que reúne religiosidade e música.
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Luiz Augusto Leite e André Sontak se uniram para abordar o Ritual Fúnebre Bororo. Luiz Augusto sintetizou conceitos de teorias culturais abordados ao longo do curso. Sontak mostrou o trabalho de imersão no universo ritual do povo Bororo, que o grupo de teatro Faces, de Primavera do Leste-MT, realiza no presente, com o espetáculo Boé. |
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Ana Lia Rodrigues abordou os conceitos de Arte em Pareyson, a problemática do fazer arte e fazer com arte.
Também retomou a questão etnomusicológica da extensão
de gêneros musicais de origens ibéricas em manifestações brasileiras. |
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Arthur Galvão apresentou o tema "Democracia, Juventude e Arte", a partir do recente acontecimento das ocupações de escolas secundaristas em Mato Grosso. Tal experiência conferiu uma abertura para reflexão sobre arte e resistência. |
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